Olá a todos, sejam muito bem-vindos ao FluirMenteCast. Olá pessoal, eu me chamo Gerson Floris, sou seu apresentador aqui no FluirMenteCast e chegamos ao nosso sétimo episódio do FluirMenteCast e mais um episódio com os ensinamentos do livro O Poder do Agora de Eckhart Tolle. E nessa nossa jornada até aqui nós já passamos por vários ensinamentos desse livro, como por exemplo o ensinamento de observar a mente, de nos ancorar no agora, no momento presente, a dissolver a dor e a transformar nossos relacionamentos. E hoje nós vamos tratar sobre aquilo que pode ser o coração de todos esses ensinamentos, a prática que para mim une e potencializa todas as outras, que é a entrega. E eu quero chamar a atenção de vocês para uma coisa, que essa palavra entrega, ou algumas vezes dita também redenção, muitas vezes ela carrega uma conotação negativa de fracasso, de desistência, de se tornar passivo. Mas no contexto espiritual e de paz interior, seu significado é profundamente diferente e imensamente poderoso. Hoje vamos desvendar o que é... a verdadeira entrega e como ela é a chave para transcender o sofrimento de uma vez por todas. E para iluminar esse nosso caminho, para começar esse nosso episódio, mais uma vez eu vou ler uma frase aqui baseada no livro O Poder do Agora de Eckhart Tolle que eu fiz para todos nós. A entrega é a sabedoria simples, mas profunda, de ceder ao fluxo da vida em vez de se opor a ele. Prepare-se para descobrir que na redenção não há fraqueza, mas sim uma força inimaginável. Vamos começar o nosso episódio de hoje desfazendo o mal-entendido sobre o conceito da entrega. Essa entrega que nós estamos falando e que o Eckhart Tolle nos ensina no livro, não é uma resignação passiva, não é encolher os nossos ombros e dizer que eu desisto, enquanto que você permite ou permitiria que situações abusivas ou destrutivas continuassem a acontecer na sua vida. Não é se tornar um capacho. Essa entrega da qual nós estamos falando aqui, ela na verdade é um ato de profunda inteligência e sabedoria. Ela é o reconhecimento interno de que a luta contra o que é, do momento presente é inútil e, na verdade, a principal fonte de todo o nosso estresse e sofrimento. Essa entrega, na verdade, significa dizer um sim interior ao agora, independentemente da forma que ele se mostre na nossa vida. E eu vou pedir para vocês aqui permissão para desviar um pouquinho do livro O Poder do Agora, para fazermos um paralelo com os ensinamentos do Siddhartha Gautama, o Buda, sobre o momento presente e a causa do sofrimento. Para o Buda, essa questão da resistência ao momento presente não é apenas um tema, mas sim um diagnóstico central da condição humana. Toda a sua filosofia pode ser vista como um método para compreender e curar essa condição. O Buda nos diz que o nosso sofrimento não vem de uma dor específica, mas sim da nossa reação a essa dor. Essa dor é um fato inevitável da nossa vida. Já o sofrimento, ele é uma camada de resistência mental e emocional que adicionamos sobre a dor. O nosso veemente, eu não quero isso. A nossa resistência, o nosso não querer aceitar o que está acontecendo nesse momento na nossa vida. Então, baseando-se no que eu acabei de falar, a resistência ao momento presente, ela é literalmente a definição da causa do sofrimento na filosofia budista. E por que eu estou trazendo isso para vocês? Porque existe um paralelo muito grande entre o que o Ekato traz no livro com a filosofia budista, apesar de que o Ekato não segue nenhuma religião, ele não está tratando aqui ou trazendo ensinamentos religiosos para nós. Então, com tudo isso em mente, deixa eu trazer um exemplo para vocês. Vamos imaginar que você está preso numa areia movediço. Então, tente se imaginar nessa condição de que você está afundando. A sua reação instintiva é lutar e se debater freneticamente contra essa condição inevitável de afundar. Mas esse ato de se debater só faz uma coisa, faz com que você, na verdade, afunde mais rápido. E o que nós podemos fazer então? A estratégia mais sábia é relaxar o seu corpo, expandir a área de contato, abrir os braços, abrir as pernas e fazer movimentos bem lentos e deliberados para tentar sair dessa areia movediça, chegar à borda da areia movediça. A luta instintiva é a resistência e a ação inteligente e calma nesse nosso exemplo é a entrega. E com isso a gente pode entender uma coisa, a resistência é um não interior à realidade. É a voz do ego que diz, isso não deveria estar acontecendo. E isso se manifesta, por exemplo, quando a gente reclama do trânsito, quando a gente reclama do tempo, da economia, do governo, do comportamento de outra pessoa. Cada uma dessas reclamações é um ato de não aceitação, é um pequeno não que gera atrito, gera negatividade e drena nossa energia. A entrega, por outro lado, é o fim do julgamento, é aceitar que neste exato momento o trânsito está parado, o tempo está chuvoso, a situação é como é. e para a gente interligar os pontos de tudo que nós vimos até aqui. Esse sim interior que nós damos à situação, ele não significa que você tem que gostar dessa situação, mas que você pode parar de lutar contra o fato de que ela existe. O que acontece de fato é que o que é, é, e não precisa do nosso julgamento e nem da nossa resistência. Tá bom, beleza, tudo é lindo, tudo é maravilhoso, mas como que a gente pratica essa entrega? O Eckhart Tolle nos oferece no livro uma distinção crucial que a gente precisa entender antes da gente seguir em frente, que é a diferença entre a sua vida e a sua situação de vida. Então vamos um pouquinho mais fundo nesses dois conceitos e vamos começar falando sobre a situação de vida. A sua situação de vida é a história que a sua mente conta. É um conceito feito de passado e de futuro, que inclui suas finanças, seu trabalho, seus relacionamentos, a sua saúde. Ele é o conjunto de circunstâncias que o ego usa para se definir. Já a sua vida, por outro lado, ela é o agora. Ela é o que está acontecendo nesse único e eterno momento, que é o presente, que é o agora. Ela é a sua respiração, ela é a sensação no seu corpo, os sons que você ouve, ela é a realidade nua e crua, livre de qualquer interpretação mental que a gente possa fazer. E definido o que seria a situação de vida e a vida, a gente pode refletir sobre uma coisinha, mais uma coisa, que é, nós não sofremos por causa da nossa vida, nós sofremos por causa da nossa história, sobre a nossa situação de vida. E o convite da entrega que eu faço a você é o seguinte, Você pode aceitar a forma que este momento na sua vida está acontecendo? Você não precisa aceitar a história de que sua vida é um desastre. Você só precisa aceitar o que está presente neste momento, agora. Um exemplo prático disso seria, por exemplo, quando uma pessoa perde o seu emprego. A sua situação de vida é estou desempregado, não tenho dinheiro, meu futuro é incerto. Isso é sua situação de vida. Essa é uma história pesada e assustadora. Definitivamente, a gente não pode tapar o sol com a peneira. Mas a sua vida, nesse exato momento, pode ser estou sentado em casa, tomando uma xícara de chá, sentindo o calor das minhas mãos, ouvindo os pássaros que cantam lá fora. Essa pode ser a sua vida nesse momento. Ela não precisa ser... todo o desespero de se perder o emprego e, na verdade, todo o desespero que é criado pela mente em cima dessa história. O que nós precisamos entender é que nós podemos viver a nossa vida independente da história e aceitar o que está acontecendo nesse momento de fato, neste momento de fato, neste momento. E a gente não pode se iludir. A entrega só acontece no nível da vida, ela jamais vai acontecer no nível da situação de vida. Quando você se entrega, você diz um sim a este momento, ao momento presente. Você aceita estar sentado tomando um chá. A partir dessa aceitação, uma clareza e uma paz vão surgir. Podem ter certeza. Ela vai surgir, essa paz, ela vai surgir, essa clareza. E é dessa clareza que as ações para saber lidar com essa situação de vida é que vão surgir da forma mais inteligente e da forma mais criativa. Como, por exemplo, a ação de procurar um novo emprego, de distribuir os meus currículos, de pedir ajuda para algum amigo. Tudo isso livre de pânico e de reatividade. Você para de lutar contra a realidade do momento presente e começa a trabalhar com ela. E aqui a gente se depara com um grande paradoxo. No momento em que você verdadeiramente se entrega, no momento em que você para de resistir, você acessa um poder muito maior. Enquanto você está em resistência, a sua energia gasta em atrito mental e emocional. É como se você fosse dirigir um carro com freio de mão puxado. Você gasta uma quantidade enorme de combustível para não ir a lugar algum. A entrega solta esse freio de mão. Toda energia que era desperdiçada em lutar contra a realidade agora fica disponível para você usar numa ação consciente e focada. A entrega não significa que você não age mais para mudar uma situação indesejável. Muito pelo contrário. A sua ação vai vir de um lugar diferente. Ela não vai vir da raiva, do medo ou do ressentimento. Ela virá de um espaço de paz e de clareza. É isso? que é a aceitação. É isso que é a entrega. A gente pode exemplificar isso, por exemplo, imaginando que você está em um relacionamento com alguém que tem um comportamento prejudicial a você. E qual seria a ação baseada em resistência nesse caso? Você gritaria, acusaria, tentaria forçar outra pessoa a mudar. A energia é de conflito e de drama. O resultado só pode ser um. Mais conflito. E como seria a ação baseada na entrega? A gente pode imaginar ela da seguinte maneira. Por exemplo, primeiro você aceita a realidade do momento presente, a realidade como ela é. Por exemplo, é assim que essa pessoa está agindo agora. Você não tem nenhuma resistência a esse fato. A partir dessa aceitação interior, você ganha clareza. A ação pode ser de ter uma conversa calma e firme com essa outra pessoa, ou por exemplo, estabelecer um limite claro nessa relação, ou até mesmo a ação de decidir sair desse relacionamento. A ação pode ser a mesma, mas a energia por trás dela é de paz e de autoconsciência, não de reatividade, e dessa forma ela se torna infinitamente mais poderosa e mais eficaz. E ao se entregar ao agora, você se alinha com a inteligência da própria vida. Você para de confiar apenas no seu pequeno ego pensante e permite que soluções e criatividade surjam de uma dimensão muito mais profunda. A entrega é sem dúvida o alicerce. para que tudo que nós aprendemos até aqui possa ser colocado em prática. Se nós não entendermos essa entrega, se nós não conseguirmos praticar essa entrega, nós não vamos conseguir praticar aquilo que a gente aprendeu até aqui. Se a causa do sofrimento é a resistência, a solução é um treinamento para cessar essa reatividade. E o fator principal desse treinamento é a atenção plena correta. A prática da atenção plena é o ato de observar o momento presente exatamente como ele é, sem julgamento, e prestar atenção às sensações do seu corpo. por exemplo, como a respiração, aos seus sentimentos, se são agradáveis, desagradáveis ou se estão neutros, ao seu estado mental, por exemplo, de raiva, calma, confusão e aos seus próprios pensamentos. Por exemplo, quando um sentimento desagradável surgir, em vez de você reagir com a abersão, que é a resistência, você deve treinar para simplesmente observar esse sentimento. E ao treinar e praticar, a gente vai começar a perceber que a natureza desse sentimento é impermanente. A sensação vai surgir, permanecer por um tempo e eventualmente ela vai se dissolver por conta própria. E mais uma vez aqui, como eu já falei várias vezes nesse nosso episódio, a entrega não é uma rendição passiva, mas sim a aceitação sábia nascida da observação clara. Ela é o resultado de se ver a realidade como ela realmente é. Você, entre aspas, se entrega à verdade de que neste momento há uma sensação desagradável acontecendo com você, em vez de desperdiçar uma imensa quantidade de energia mental e emocional lutando contra esse fato. E isso não significa que você não vai agir para mudar essa situação externa, se for possível e se for sábio, mas que a ação... para lidar com essa situação, virar de um lugar de mais clareza, de paz e não de reatividade e de aversão, como eu também já tinha dito. E é por tudo isso, pessoal, que esse episódio é, sem sombra de dúvida, o mais importante que nós vamos ter durante... toda essa série do livro O Poder do Agora, e vou dizer mais, ele é o mais importante ou importantíssimo para todos os assuntos que nós vamos conversar depois que nós terminarmos essa série também, porque se nós não tivermos consciência sobre o momento presente, se a gente não entender que a gente precisa aceitar o momento presente, vários outros assuntos, várias outras questões, nós não vamos conseguir lidar com elas, porque a gente ainda vai estar lidando com a questão com tudo que a situação de vida vai trazer para nós de forma prejudicial. E é preciso que a gente entenda uma coisa, que a entrega não é apenas uma técnica, ela é um modo de vida que integra todos os outros ensinamentos. Bom, e para a gente ir finalizando esse nosso episódio, mais uma vez, vou ler para vocês uma frase que eu fiz, criei, baseada no ensinamento do livro O Poder do Agora. E ela diz assim, a entrega é perfeitamente compatível com a ação. Na entrega, você não pergunta mais o que eu quero fazer. Você pergunta o que a vida quer fazer através de mim. E o convite que eu quero deixar para vocês para essa semana é simples, mas é profundo. Observe a sua resistência. Observe as pequenas e as grandes coisas as quais você diz não ao longo do dia. e experimente apenas por um momento dizer sim veja o que acontece quando você para de lutar contra o fluxo da vida obrigado por estar comigo até aqui no nosso próximo e último episódio dessa série nós vamos amarrar toda a nossa jornada discutindo como transformar essas práticas em um caminho de vida e encontrar o verdadeiro sentido que emerge da consciência Até lá que você possa encontrar a força que existe na entrega. Paz e bem.